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LÍNGUA ESPANHOLA: MOSAICO DE FILIAÇÕES IDENTITÁRIAS Valesca BRASIL IRALA Universidade da Região da Campanha (URCAMP) http://www.discurso.ufrgs.br/sead/doc/lingua/Valesca.pdf
Neste trabalho trago à baila alguns conceitos analíticos de referência para compreender, partindo de um viés discursivo, as relações simbólicas de expansão de uma língua (relações essas dependentes de inúmeros fatores que se entrecruzam, se repetem e se transformam), como língua fluida, língua imaginária, heterogeneidade lingüística, discurso fundador (embora se revele às vezes como repetidor) e repertórios interpretativos. Para falar de "língua", vale dizer que muitos dos discursos ao seu respeito, apesar de "desvendáveis", são mantidos à sombra, como se a penumbra fosse o único lugar conveniente para serem lançados. Somos, assim, ideologicamente cúmplices (e às vezes também repetidores) de mecanismos de dominação, queiramos ou não. Ao problematizar uma característica de reversibilidade de dizeres ao enunciar a respeito da língua, a respeito do que ela é "língua fluida" e do que ela deveria ser "língua imaginária", vemos que essa reversibilidade manifesta-se tanto nos discursos de falantes nativos, de profissionais da área do ensino, de alunos que a estudam como língua estrangeira, de representantes "legitimados" a falar sobre o idioma, enfim, em uma série de discursos e situações enunciativas bastante distintas quanto a sua situacionalidade espacial e temporal. A reprodução de um discurso imaginário (repetido e repetível inúmeras vezes pelo poder de sua legitimação), defende a ilusão da produção de uma língua superior às "diversidades lingüísticas insignificantes" (MORENO FERNÁNDEZ , 2000, p. 15), o que vem gerando, com menor ou maior ênfase, a tentativa de apagamento das diferentes interdiscursividades que movimentam os espaços discursivos em torno da língua espanhola.
LÍNGUA MATERNA / LÍNGUA ESTRANGEIRA UM EQUÍVOCO QUE PROVOCA A INTERPRETAÇÃO María Teresa CELADA Universidade de São Paulo (USP) http://www.discurso.ufrgs.br/sead/doc/lingua/Maria_teresa.pdf
No binômio língua materna/língua estrangeira, que opera recorrentemente no campo da Lingüística Aplicada ao ensino de línguas estrangeiras, o fragmento "materna" funciona de forma equívoca, fato que pode levar a que certas reformulações com relação a esse conceito sejam realizadas ou a que certas glosas sejam introduzidas para especificar o sentido no qual ele deve ser interpretado. Trabalharemos tal equivocidade a partir do que possibilita pensar que a constituição do sujeito e a do sentido se dá "pela língua, na sua articulação com a história" (Orlandi, Discurso e texto, 2002). Com base em formulações da AD que, ao encontrar específicas ressonâncias no Brasil, ganharam peso quanto a seu potencial conceitual e analítico, podemos compreender - especialmente a partir do confronto em jogo no processo que nos ocupa - que tal constituição está sobredeterminada de várias formas: pela específica materialidade da língua e pela forma singular que esta tem de produzir o equívoco; pela específica partição (de acordo com a qual não pode se dizer tudo) que toda língua suporta; pelas marcas que os processos institucionais inscrevem nos usos diferenciados (e diferenciadores) da linguagem; pelo "trabalho de separação", pensando mais diretamente no caso do Brasil, que tem lugar naquele ponto de disjunção em que está o brasileiro quando fala português; e, também, pelas formas de gozar na/a língua. A distinção dessas formas, além de permitir que exploremos o referido equívoco e designemos quais seus efeitos sobre a formulação "língua estrangeira", irá colocar nosso binômio em relação com outras formulações - notadamente com "língua nacional".
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