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Da informação ao conhecimento
 

A era da informação é um fato consumado e a cada dia seus alunos estão mais antenados. Mas precisam da sua ajuda para aprender a interpretar a enorme quantidade de imagens que recebem diariamente.
São 11h30 e a televisão exibe um episódio da nova série do Sítio do Pica-pau Amarelo. Nele, Dona Benta toma um gostoso café da manhã preparado por Tia Nastácia. Em seguida, corre para checar se os netos, Pedrinho e Narizinho, mandaram notícias por e-mail. Antes do almoço, navega na internet. Em sites de culinária, encontra uma receita para fazer quando eles chegarem. Seja sincero: você era capaz, há um ou dois anos, de imaginar a célebre personagem tão ligada às inovações tecnológicas? Pois é, o mundo mudou. Aliás, está mudando. E muito rapidamente. Quando Monteiro Lobato criou a turma do Sítio, em 1922, o rádio mal começava a engatinhar no Brasil — e ter um aparelho em casa era um luxo. Oitenta anos se passaram e surgiram a televisão, o videocassete, o DVD, o videogame, o pager, o telefone celular, o computador pessoal, a internet. A propaganda se modernizou. Jornais e revistas ganharam cores e trouxeram o mundo para dentro de casa. Hoje, quase não há mais lugares exóticos, surpreendentes, inusitados, verdadeiramente desconhecidos. E a escola, é óbvio, também mudou — ou pelo menos deveria. Afinal, não dá mais para imaginar um professor sobre um tablado de madeira, régua na mão, ditando a matéria. Graças à tecnologia, as histórias e as notícias deixaram de ser privilégio de poucos e o que vale não é apenas possuí-las, mas interpretá-las. Em outras palavras, transformar informação em conhecimento. O cenário é completamente diferente de dez, 20, 30 anos atrás (leia o quadro). Os conteúdos se renovam constantemente e as crianças, apoiadas pelos pais e pela sociedade, conquistaram espaço. Elas ouvem rádio, vêem novelas, noticiários e programas de auditório e sabem operar os computadores melhor do que muitos adultos. Na sala de aula, participam mais, se agitam, conversam, dão palpites. Tudo porque têm opinião — resultado da facilidade de acesso à informação. E a escola? Está preparada para lidar com essa nova realidade? "Infelizmente, a educação ainda é muito tradicional e engatinha frente a tantas mudanças. Não só no Brasil, mas em todo o mundo", afirma José Manoel Moran, da disciplina de Novas Tecnologias da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Vani Moreira Kenski, da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP), concorda. "Há meio século, detínhamos o monopólio do saber, éramos reconhecidos e valorizados por isso. A situação se alterou, mas nossa profissão não." O poder da imagem Alguns números ajudam a compreender a amplitude do processo. Nos anos 1950, menos de 60% das crianças entre 7 e 14 anos assistiam às aulas e o índice de analfabetismo passava dos 40%. Só quatro décadas mais tarde o país começou a acordar para a necessidade de universalizar o acesso à educação — até chegar a 97% dos brasileiros em idade escolar freqüentando o Ensino Fundamental. Há meio século, os professores em ação eram 197 mil. Hoje, são 1,6 milhão. O currículo, antes rígido, está cada vez mais flexível. E é impossível ignorar a penetração e a importância dos meios de comunicação nesse contexto. Segundo pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 94% dos 42,8 milhões de domicílios brasileiros têm pelo menos uma televisão. Dá para não levar os programas para dentro da sala de aula? Não. E adotar uma postura radicalmente contra tudo o que passa na telinha? De jeito nenhum. "É ridícula essa falação sobre como as novelas e os reality shows são uma droga", afirma Maria Thereza Fraga Rocco, da Faculdade de Educação da USP. "Todos reclamam, mas ninguém desgruda da TV, nem o aluno nem o professor. Por isso, é besteira ficar martelando a tecla da qualidade. O importante é analisar o que faz as pessoas assistirem, entender por que vêem. Só assim será possível — em casa ou na escola — avaliar o que é bom e ruim e, o mais importante, se dá para entender os objetivos subliminares de cada atração." Alguns conceitos são simples de trabalhar, mesmo com os pequenos. Nas emissoras comerciais, nada vai ao ar sem um minucioso planejamento do retorno financeiro que pode dar aos anunciantes e à própria empresa. Qualquer um percebe que a apresentadora (loira) do programa infantil quer porque quer vender a sandalinha da marca tal, o biscoito "x", o xampu "y". Tomar consciência disso é fundamental (leia mais na coluna de Eugênio Bucci, na pág. 22 da edição impressa). "O professor não pode nunca esquecer o poder da mídia", diz Grácia Lopes Lima, da Escola de Comunicação e Artes (ECA-USP) e coordenadora do Cala Boca Já Morreu, projeto que tem por objetivo educar pelos meios de comunicação. Mas como agir diante de crianças que, aos 5 ou 6 anos de idade, já viram quase tantas horas de TV quanto você? Sem dúvida, é absolutamente ineficaz qualquer tentativa de mudar o jeito como o aluno se veste, inspirado neste ou naquele personagem, ou a expressão que ele aprendeu na novela e repete sem parar. Isso em nada ajudará a turma a entender a força da imagem e por que nos sentimos tão atraídos por comportamentos e modismos. O ideal é promover discussões sobre o(s) apelo(s) televisivo(s) e transformar os resultados em projetos de ensino reais, envolventes, próximos da realidade da turma. "Para chegar lá, o primeiro passo é reconhecer que nós também somos influenciados pela mídia. Somos tão consumidores quanto a criançada", avalia Grácia. O mesmo vale para o veículo que chega mais perto da comunidade. Em 1997, Adilson Odair Citelli, da ECA-USP, coordenou uma pesquisa em escolas públicas e privadas da Grande São Paulo e concluiu que 93,63% dos alunos de 3ª série e 95% dos de 5ª ouvem rádio regularmente. No levantamento, porém, apareceram pouquíssimas atividades de observação e discussão dos programas. "Os professores privilegiam o livro e esquecem que atrações radiofônicas são uma ótima oportunidade para trabalhar a oralidade, a auto-estima e o espírito crítico", ensina Grácia. O mundo num clique Consumidores, leitores, ouvintes. Sim, fazemos parte de uma revolução que tem tudo a ver com o dia-a-dia da escola e pode ser resumida em uma palavra: informação. Por séculos e séculos, só os mestres tinham acesso a ela. Era nas salas de aula que o professor transmitia o conhecimento. O acesso às novidades era restrito. Em 1865, Abraham Lincoln, presidente dos Estados Unidos, foi assassinado durante a apresentação de uma peça de teatro em Washington. A notícia demorou treze dias para chegar à Europa. Hoje, qualquer acontecimento (por mais desimportante que seja) corre o mundo em segundos. E isso não vai parar. Cada vez mais gente vai ter mais acesso a mais informação. Calcula-se que já existam 11 milhões de computadores instalados no Brasil (um para cada 16 habitantes). Pelo menos 14 milhões de pessoas estão conectadas à internet. Num clique, elas acessam sites de jornais e revistas do mundo todo, navegam pelas páginas virtuais de museus, bibliotecas, universidades, centros de pesquisa, bancos de dados. Trocam e-mails e participam de bate-papos on-line com internautas de outras cidades, de outros países, de outros continentes. "A aquisição da informação depende cada vez menos de nós. Nosso papel principal é ajudar o jovem a interpretar dados, a relacioná-los, a contextualizá-los. Temos de assumir o papel de facilitador", destaca José Manoel Moran. Inclusive na frente da tela de um micro. Há 10 anos, menos de 1% da população do planeta tinha acesso à rede. Hoje, essa taxa chega a 80% em alguns países. Pesquisa e produção de textos e imagens passam a ser feitos no próprio colégio (leia uma experiência bem-sucedida de uma escola de São Paulo que conduz os estudantes em grandes viagens de aprendizado na seção Navegar é preciso, na edição impressa). A web permite ainda uma enorme integração entre as várias disciplinas. Pular de um site de Arte para um de História — e de lá para informações importantes para as aulas de Matemática e de Língua Portuguesa é extremamente simples. Na vida real, todos aprendem. E, juntos, ensinam. "Nessa nova perspectiva, professores e estudantes deixam de ser simples consumidores para se tornar produtores de cultura e de conhecimento. A escola vira pólo dessas conexões", analisa Nelson Pretto, da Faculdade de Educação da Universidade Federal da Bahia. Aliás, essa mistura de papéis fica mais clara quando o educador resolve aperfeiçoar sua formação e faz um curso a distância. "Incorporar o ambiente eletrônico à nossa rotina não significa uma adesão incondicional, mas, ao contrário, pressupõe recebê-lo criticamente, conhecer suas vantagens e desvantagens, seus riscos e possibilidades. Só assim podemos transformá-lo em ferramenta e parceiro", completa Vani Kenski, da USP. Um novo papel Com ou sem o auxílio da tecnologia, o seu papel é, como já se disse no início deste texto, transformar toda essa informação em conhecimento. Só há um caminho para isso: pensar, refletir, elaborar conclusões. Em seguida, ensinar os alunos a fazer o mesmo percurso. Jornais, revistas, gibis e livros de ficção servem para interpretar textos e imagens. Viajar pelas páginas, sentir a emoção que o autor quis transmitir, descobrir novos universos. É isso que a leitura nos oferece. Mas, na maioria das vezes, as escolas privilegiam a linguagem dos textos didáticos e paradidáticos. Da mesma forma, muitos colegas esquecem que outdoors, obras de arte e fotografias (analógicas e digitais) precisam ser "lidas" corretamente para ser efetivamente compreendidas. Sem um olhar crítico, nada feito. Computador, rádio, jornal, revista, televisão. Todas as mídias são excelentes ferramentas didáticas. Ensinar História do Brasil assistindo, em vídeo, ao filme Carlota Joaquina é atraente e eficiente. Desde que você não deixe de discutir que ali existe uma visão particular dos fatos, que pode exagerar determinados aspectos e suavizar outros, de acordo com os interesses que moveram produtores, diretores etc. Propor a elaboração de um boletim informativo ajuda a escrever melhor. Desenhar um logotipo para o grêmio estudantil estimula a criatividade — tanto faz se a turma pode fazer isso com softwares específicos ou se o trabalho é na base do papel e lápis mesmo, porque a escola não tem condições de comprar os equipamentos. Estar antenado com o mundo, como a Dona Benta, não significa só ter um equipamento e saber operá-lo. A chave é tomar posse da tecnologia e usá-la ao nosso favor. É comum ver crianças e jovens orgulhosos porque são mais "espertos" que os adultos (professores incluídos) na hora de operar um controle remoto, um videogame ou o próprio computador. Será que isso é mesmo verdade? Quantos alunos conseguem, efetivamente, compreender o sentido e a utilidade das novas tecnologias para a construção do conhecimento. Na época da Revolução Industrial, no final do século 19, as máquinas eram consideradas mais importantes do que o homem. Agora, quando vivemos uma revolução tecnológica, as pessoas são o elemento mais valorizado. Ou seja, cabe às escolas ajudar a formar cidadãos aptos a usufruir e alimentar essa nova ordem mundial, gente capaz de criar máquinas ainda melhores, menores, mais ágeis e eficientes. O filósofo francês Pierre Levy resume esse sentimento em seu livro A Inteligência Coletiva: "Eis os novos paus para toda obra da sociedade, os anônimos que produzem as condições de riqueza longe das luzes do espetáculo, aqueles cujo trabalho é, ao mesmo tempo, o mais duro e o mais necessário...". Chega da velha conversa de que quanto mais analfabetos melhor. Num mundo globalizado, nenhum país quer perder o bonde da história. E condenar a população à pobreza e à exclusão significa condenar a própria nação ao limbo do mercado. "O professor precisa ocupar o espaço que está vazio nessa relação com a mídia", diz Bruno Pucci, diretor da Faculdade de Educação da Universidade Metodista de Piracicaba, no interior de São Paulo. "Só vamos nos tornar mais atuantes e cidadãos quando soubermos analisar bem os canais de comunicação que criamos, quando soubermos analisar criticamente o mundo e as relações entre as pessoas e quando conseguirmos exigir nossos direitos", completa o professor José Manoel. Que tal começar esse exercício com a revista que você tem em mãos? Pense, reflita, elabore conclusões. Discuta esta reportagem com os colegas. Compare com outros textos que você já leu. E convide os alunos a entrar no debate. Aposto que suas aulas vão ficar mais interessantes e inteligentes — e eles também. fuente: Revista Nova Escola autora: Roberta Bencini fecha: edición de junio de 2002
 
 
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