El nombre Almandrade - en realidad el artista se llama
Antonio Luiz M. Andrade - está asociado a una singular estrategia dentro
de lo que se llama arte contemporáneo. El artista plástico, poeta y
arquitecto ha producido una obra que se encamina hacia una estética
minimalista, hacia una poética que se expresa utilizando un vocabulario
mínimo, ya sea pictórico o lingüístico. Almandrade es uno de los
principales nombres de la poesía visual de Brasil de los años 70.
Según Nicolás Bernard, la ciudad de Bahía, en Brasil
tiene sus supersticiones y sus sorpresas culturales, entre ellas Joao
Gilberto y Glauber Rocha y por qué no, se pregunta, Almandrade. En
definitiva, un artista que viene sorprendiendo desde hace treinta años con
el rigor, la sutileza y la coherencia de trabajar con distintos soportes
seguido por una tradición de un saber singular.
A continuación se publica una nota de Francisco Antonio Zorzo, en el idioma en el que lo envió su autor:

As peças de madeira foram
construídas com placas planas de madeira laminada pintadas com cores simples de
tinta acrílica amarela, vermelha, verde e azul. Cada uma das peças compõem-se de
duas placas encaixadas que foram colocadas diretamente sobre o piso da sala de
exposição do Instituto Goethe. As placas são recortadas e vazadas e não se
empregam pregos, colas ou emendas.
Para se traçar um paralelo dentro
da arte contemporânea dessas peças com objetos de outros artistas, seria
interessante dizer que as esculturas de Almandrade mantém uma certa identidade
com as de Franz Weissman e Amílcar de Castro. O construtivismo, a economia
material e a escolha de cores simples são conceitos presentes na obra dos três
artistas. No entanto, há elementos de distinção. Franz Weissman e Amílcar de
Castro usam solda ou dobra na confecção de seus objetos. Almandrade usa como
procedimento de montagem o encaixe direto, onde os planos de madeira laminada se
interpenetram e se apoiam mutuamente.
O fato de não haver dobra nas
peças de Almandrade é um índice importante para a análise de sua obra.
Almandrade intencionalmente mantém uma distância do barroquismo, do
expressionismo e de outras tendências do tipo sensual muito recorrentes na arte
baiana e brasileira.
O barroco tem muitas seduções. A
dobra que vai ao infinito é um artifício barroco que ultrapassa sua própria moda
e seus limites históricos (ver Deleuze em A Dobra, Leibnitz e o Barroco). Com a
dobra, a escultura ganha uma vibração especial, estendendo-se à arquitetura e
alcança espaços cada vez mais amplos. Trata-se de uma ilusão de ótica que
realmente abre um campo de significados.
As peças de Almandrade não
possuem a dobra, evitando o seu ilusionismo. A dobra na escultura permite a
mudança de plano sem rupturas de continuidade. O olhar que acompanha um plano ao
passar pela dobra aceita a mudança de direção e é convidado a avançar
sucessivamente até deslizar em uma outra dobra. A dobra provoca um despistamento
que, se por um lado seduz, por outro distrai o expectador. Pode-se dizer, além
disso que a ambivalência da dobra percorre uma espiral que vai do desejo à
melancolia. Ao suprimir a dobra Almandrade parece estar procurando evitar a
dispersão intelectual e o efeito de superfície.
Curiosamente, nos retábulos
barrocos brasileiros, no entanto, as peças de madeira que sustentavam as dobras e curvas das
superfícies ornamentadas, eram montadas com encaixes. Esses encaixes tinham que
ser perfeitos em sua geometria. O barroco recorreu em suas bases construtivas a
técnica do ensamblamento. Ensamblar significava, no dicionário de arquitetura e
ornamentação, reunir, juntar, encaixar peças de diversos materiais. Um glossário
do barroco mineiro traz uma referência documental, datada de 1771, referente à
construção de uma igreja em Sabará, de um “ensamblamento” de pedras, com ferro e
chumbo. As peças reunidas nos retábulos de madeira das igrejas barrocas deviam
ser ensambladas, quer dizer, encaixadas uma nas outras, sem a necessidade de
recorrer-se a pregos ou colagens.
Nesse sentido as peças de
Almandrade contém um ar clássico que, pode-se afirmar, continua atravessando até
hoje, energicamente, o mundo
material das artes plásticas. Esse trabalho parece estar respondendo a pergunta
fundamental, o que assegura a expansão expressiva infinita (da arte, da
imaginação, das dobras) em relação ao portador finito (a madeira, o ferro, a
pedra)? Qual é estrutura construtiva, quais são os encaixes e as articulações
que permitem a realização de uma obra?