|

(San Salvador de Bahía) Almandrade
Las ciudades son tristes cuando una curiosidad, una presencia, o un lugar no acalla la soledad de quien vive en la abstacción de la vida cotidiana. Nada tiene sentido. La falta siempre remite a una especie de desierto que desorienta al viajante solitario de su propio espacio. -¿Será que las ciudades deberían ser habitadas por las imágenes que deseamos y por las imágenes poéticas? "Mas el deseo, la poesía, la risa hacen necesariamente deslizar la vida en el sentido contrario, yendo de lo conocido a lo desconocido" (Bataille)-. Enfrentar lo desconocido es una tarea difícil para el hombre, principalmente cuando vive en ciudades hostiles al mundo del conocimietno. La publicidad hace la imagen de la ciudad, como si la natu raleza fuera una imitación de alguna otra naturaleza. La arquitectura no es más arquitectura, es imagen out- door. La fiesta hace el paraíso urbano y una música mediocre anuncia el Carnaval, esta intervención autoritaria que desapropia la vida de la ciudad, para aquellos que no tienen el derecho a opinar contra la fiesta. La ciudad es una multitud que cambia de imagen siguiendo la moda. Pero tiene la imagen que permanece en la memoria, como objeto de pasión para el apasionado. Pensé en Walter Benjamin y el "Diario de Moscú": El mirar apasionado de un filósofo sobre una ciudad: "En aquella mañana me sentí con energía y, por eso, conseguí hablar de manera suscinta y calma sobre mi permanencia en Moscú y sobre sus prespectivas inmesamente reducidas". Una relación de pasión compartida con el conocimiento de las imágenes percibidas de una ciudad. Desde la ventana, contemplé la calle como un voyeur de ciudad. El tránsito, la publicidad, la multitud, el centro histórico. Los monumentos y la arquitectura eran objetos para las cámaras fotográficas de turistas, como escenarios sin fecha. Sin la imaginación el pasado es una imagen estancada, un efecto especial de lo cotidiano, donde todo es repetitivo. La histoira, en este caso, no pasa de una mercadería para un mirar carente de anhelo cultural.

"La era fastuosa de la imagen y de los astros y de las estrellas está reducida a algunos efectos de ciclones y terremotos artificiales, de falsas arquitecturas y de trucos infantiles con que las multitudes fingen dejarse engañar para no sufrir una decepción amarga por demás" (Baudrillard). Por otro lado, la singularidad de un espacio, de un monumento o de una arquitectura fascina al viajante. Es como las imágenes poéticas que provocan el deseo de mirar y de vivir un estado de deslumbramiento. Mas las imágenes no son totalmente transparentes sino que se revelan ante cualquiera que mire sin reflexión: ellas provocan la imaginación y exigen un mirar atento, con un repertorio de referencias. Esto es, una sensibilidad capaz de percibir en las imágenes sus historias y sus verdades, para llegar a ser una sensibilidad marcada por la pasión de una imagen.
(c) Almandrade
raducción del portugués: Iris Pérez Ulloa Fotografías: "O Peló" y "Bahianos danzando capoeira" (San Salvador de Bahía, Brasil) de Iris Pérez Ulloa
------------------
A CIDADE NA VIAGEM DO OLHAR
As cidades são tristes quando uma curiosidade, uma presença, ou um lugar não aquece a solidão de quem vive a abstração da vida cotidiana. Nada tem sentido. A falta sempre remete a uma espécie de deserto que desorienta o viajante solitário de seu próprio espaço. – Será que as cidades deveriam ser habitadas por imagens que desejamos e por imagens poéticas? “Mas o desejo, a poesia, o riso fazem necessariamente a vida deslizar no sentido contrário, indo do conhecido ao desconhecido”. (Bataille) – Enfrentar o desconhecido é uma tarefa difícil para o homem, principalmente quando ele vive em cidades hostis ao mundo do conhecimento.
A publicidade faz a imagem da cidade, como se a natureza fosse uma imitação de uma outra natureza. A arquitetura não é mais arquitetura, é imagem de out-door. A festa faz o paraíso urbano e uma música medíocre anuncia o Carnaval, esta intervenção autoritária que desapropria a vida da cidade, para aqueles que não têm o direito de opinar contra a festa.
A cidade é a multidão que troca de imagem segundo a moda. Mas tem a imagem que permanece na memória, como objeto da paixão para o apaixonado. Pensei em Walter Benjamin e o Diário de Moscou: o olhar apaixonado de um filósofo sobre uma cidade: “Naquela manhã sentia-me com uma energia e por isso consegui falar de maneira sucinta e calma sobre minha permanência em Moscou e sobre suas perspectivas imensamente reduzidas”. Uma relação de paixão compartilhada com o conhecimento das imagens percebidas de uma cidade.
Da janela, contemplei a rua como um voyeur de cidade. O trânsito, a publicidade, a multidão, o centro histórico. Os monumentos e a arquitetura eram objetos para as câmeras fotográficas de turistas, como cenários sem data. Sem a imaginação o passado é a imagem engraçada, um efeito especial do cotidiano, onde tudo é repetitivo. A história, neste caso, não passa de uma mercadoria para um olhar carente de um lazer cultural. “A era faustuosa da imagem e dos astros e das estrelas está reduzida a alguns efeitos de ciclone e terremotos artificiais, de falsas arquiteturas e de truncagens infantis com que as multidões fingem deixar-se empolgar para não sofrer uma decepção amarga demais” (Baudrillard).
Por outro lado, a singularidade de um espaço, de um monumento ou de uma arquitetura fascina o viajante. É como as imagens poéticas que provocam o desejo de olhar e de viver um estado de deslumbramento. Mas as imagens não são totalmente transparentes que se revelam a qualquer olhar sem reflexão: elas provocam a imaginação e exigem um olhar atento, com um repertório de referências. Isto é, uma sensibilidade capaz de perceber nas imagens suas histórias e suas verdades, mesmo que seja uma sensibilidade marcada pela paixão de uma imagem.
(c) Almandrade
(artista plástico, poeta e arquiteto)
|
|